Atendendo ao convite do Projeto Yoga de Rua, na pessoa da Eliane Rogério, agendamos uma roda de conversa sobre CNV para o dia 17/03. O evento, aparentemente simples para mim, por ser um tema que me é familiar e caro, tornou-se extremamente desafiador e inquietante. Após definirmos a data refleti sobre a pertinência e aplicabilidade da CNV a este grupo. Não porque não merecessem ou pudessem compreender. O desafio pessoal era que a CNV, de maneira um tanto simplista, gira em torno das necessidades humanas e na potencialização das relações, buscando despertar o melhor de cada indivíduo. Mas, como falar sobre necessidades para quem as vive de maneira tão avassaladora no cotidiano? Poderia parecer inútil para eles ou não atingir o fim desejado.
Estes pensamentos me fizeram acordar mais cedo que de costume para o evento e fui “equipado” com a dúvida e todas as possibilidades de fazer o encontro valer à pena. Quando cheguei a aula de yoga estava no final, naquele momento intui que tudo daria certo pois se as pessoas, apesar de todas as questões sociais, conseguiam mergulhar no próprio corpo/mente e poderiam estar disponíveis para outros diálogos.
Assim aconteceu, iniciamos os trabalhos, que contou com algumas pessoas que se dispuseram mais a participar que outras no início, mas que aos poucos, a partir da troca de experiências pessoais, pude perceber o valor de estarmos sentados numa praça com pessoas que, apesar de tantas carências, conseguiram dialogar sobre si, suas necessidades e até sentimentos profundos que foram compartilhados.
Acabei com aquela conhecida sensação que acompanha voluntários: saímos sempre mais ricos e abastecidos que entramos, por melhor que seja o que foi “embalado” para compartilhar com todos.
Certamente terei prazer de retornar ao grupo para um novo bate papo, se possível e desta vez, ainda mais confiante na capacidade mágica que o ser humanos tem de transcender a si mesmo.
Luiz Ismael